domingo, 30 de maio de 2010

É Oficial!

(Senseis Keith Bishop, Yondan Mim e Kevin Nason)

Tenho o maior orgulho em dar a conhecer ao Mundo que o nosso Dojo, filiado na KKP (à Kanzana Karaté Portugal), a partir do passado dia 28 de Maio, passou a contar com mais três novos cintos negros negros 1.ºs Dan - o João Saúde, o João Fróis e o Mauro Magalhães, e mais dois 3.ºs Dan - o Daniel Ramalho ("Romalho" para os amigos...) e o Luis Costa ("Paquito" para os mais intimos...).

A estes novos Sensei, desejo as maiores felicidades e votos de que vivam muito tempo, para poderem contar esta aventura aos seu netinhos.
 
Também este vosso humilde escriva se graduou como 4.º Dan.

Gostava de dizer que o o exame tinha sido muito duro e exigente, mas a verdade é que aquilo foi uma "palhinha".

Tive a sorte de ter como parceiro no exame o Sensei Rui Catarrinha, que, igualmente, com muito mérito, se graduou como 3.º Dan e que me deu "uns empurrões" muito fortes e me motivou para o poder espancar nos Hippon Kumité . Não é todos os dias que podemos espancar um atleta daquele nível. Também ajudou o facto dele não poder ripostar neste tipo de exercícios. Posso-vos dizer que só o facto de lhe ter podido "cascar" enquanto ele se mantinha quietinho no sítio sem se queixar, valeu os 200 euros que dei pelo exame.


Mas, como em muitas situações da vida, as surpresas vêm aos pares (...sem ofensa cabeçal...), o melhor estava reservado para o fim.

Quando eu pensava que já não não me iam pedir para fazer mais nada, eis que o Sensei João Ramalho se chega ao pé de mim e me dá conhecimento de que pelo simples facto de ter, até ali, feito um belo exame, me iam presentear com uma daquelas ofertas irrecusáveis.

Eu delicadamente recusei, alegando que não merecia um tratamento diferente do dos meus outro companheiros, mas tanto ele como o painél de examinadores insistiu e eu, embora contrariado, tive de aceitar a dádiva.

Eis que, à laia de sacrifício religioso, me ofereceram dois cordeirinhos para eu fazer o que quizesse com eles.

Os bichos, de aspecto ternurento e todos branquinhos, olhavam para mim com aqueles olhinhos de quem não sabia bem qual ia ser o seu futuro, ou até se existiria futuro...

Com os olhos mareados de lágrimas fitei-os e quando me aproximei deles para os acalmar e lhes assegurar que nada tinham a temer foi quando percebi que os danados de cordeirinhos não tinham nada.

Acho que foi a última vez que fiz exame sem óculos. Como sou mais cego que um morcego em pleno dia na Avenida da Liderdade, confundi dois ferozes karatecas com cordeirinhos inocentes.

Assim que me apercebi que estava na presença dos Sensei Daniel Ramalho e Luis Costa (que em segredo tinham sido instruídos para me "fazerem a folha"), a coisa azedou.

O Olhar ternurento dos gajos não passava de um esgar de ódio puro e vontade indisfarçável de me espancarem.

Não me podia ficar, até porque a minha religião não deixa, e avancei para cima dos dois.  Ainda partilho do princípio de que a melhor defesa é o ataque. Passados segundos era vê-los a suplicarem para que parasse de lhes bater e a pedirem para que abrissem as portas do Dojo para que pudessem fugir.

Mas já nos tempos gloriosos do Circo de Roma era assim e aqui a tradição manteve-se. Eu no papel de leão e os gajos como cristãos ("cristons" para o pessoal que não é de Lisboa). Aquilo era ver dentes para um lado e braços para o outro, enquanto os ia amassando e arrastando pelo Dojo como despojos de guerra. Eles bem diziam que se saíssem dali vivos iam a Fátima, não de joelhos, mas deitados de costas, porém aquilo era música para os meus ouvidos Quanto mais gemiam, mais comiam ....

Não me tivessem interrompido e a esta hora ainda lhe estava a malhar.

Um dos Sensei examinadores confidenciou-me que nunca tinha visto tanta barbaridade desde que no Natal tinha dado um brinquedo caríssimo ao filho e ele numa questão de segundo tinha-o reduzido a um monte de cacos.

Um deles, não vou dizer qual porque não sou queixinhas, ameaçou-me com com uma providência cautelar e um pedido de indemnização por lhe ter arrancado a manga do kimono.

Que culpa é que eu tenho de lhe terem vendido um kimono que, asseguravam, ia durar toda a vida? Aquilo devia ter uma letrinhas pequeninas a avisá-lo que eu era a excepção... Também quem é que se acredita que um Shureido (os melhores kimonos a nível mundial) made in México é original?

Mas pronto. O exame acabou e até correu muito bem na opinião de todos que tiveram o privilégio de poder assistir.

As preocupações do pessoal em relação ao meu próximo exame também são de somenos importância, porque só devo ser proposto daqui a uns 20 anos e isso significa que, se tudo correr bem, nessa altura já devo precisar de uma arrastadeira e um balão de soro ao meu lado...