segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Estágio com o Sensei Onaga



Acabou!

Foram quatro intensos treinos com o Sensei Ryoichi Onaga, 9º. Dan de Okinawa Goju Ryu.

Comecei a estagiar com o Sensei era eu cinto amarelo (8º. Kyu), em 1985, em Múrcia. Uma ou duas vezes por ano lá íamos nós (o Sensei Álvaro Silva - meu instrutor até 2º. Dan), o Fernando Santos - também assíduo nestas andanças - para Espanha, onde ficávamos, em média uma semana a treinar durante o dia com o Sensei Luis Nunes e à noite com o Sensei Onaga.
Já naquele tempo o dinheiro não esticava e, para além dos Sensei não nos cobrarem os treinos, deixavam-nos pernoitar em sacos-cama no Dojo Age Arashi original, que era uma garagem adaptada. Também tínhamos um restaurante onde acabámos por ficar "habitués" e o dono fazia-nos sempre um preço especial.
Mesmo assim, a vida não era fácil.
Os treinos com o Sensei Luis Nunes começavam por volta das 7:00 da manhã e acabavam por volta das 13:00. O pequeno almoço era, na maioria das vezes, um quadrado de chocolate (não havia tempo para mais...) e, só a meio da manhã, quando tinhamos de ir para um outro Dojo (a uma meia hora de distância a pé - pois é bebé, não havia "pópós") é que conseguiamos beber um galão e comer uma sandes.
Depois do almoço, descansávamos um bocadinho ou, em alternativa, íamos passear para o El Corte Inglês...
À noite, das 19:00 às 22:00 tinhamos mais dois treinos com o Sensei Onaga.
Isto é que era vida. Considerávamo-nos uns privilegiados por poder treinar com três Mestres tão bons (incluo neste grupo o Sensei Álvaro Silva).
Por vicissitudes diversas acábámos por nos separar. O Sensei Onaga abandonou a Organização onde estávamos filiados e nunca mais conseguimos treinar juntos.

Foi, pois, com muita alegria e ansiedade que recebemos o convite por parte do Sensei Armando Inocentes (que, por coincidência, também foi um dos meus primeiros Instrutores no CAQ) para assistir ao estágio que iria ser ministrado por ele de 13 a 15/Nov/09.
Pela nossa parte (Touitsu-Dojo), penso que também não defraudámos as espectativas do Sensei Armando, dado que levámos 23 karatecas com elevado nível técnico (dos quais 7 eram cinto negro), e o empenhamento de todos foi notório.
A forma como decorreu o estágio também foi excelente. O Sensei Onaga provou (como se isso fosse preciso...) mais uma vez estar em grande forma tanto física como técnica.
A forma como abordava as diversas técnicas e explicava as pequenas diferenças que existiam actualmente na forma como os Kata, p.e., eram executados foi simples, directa e objectiva. Penso que todos, independentemente do facto do Sensei apenas falar espanhol, compreenderam a mensagem.
Era interessante, por vezes, após finalizarmos a execução dum Kata, vê-lo a olhar para nós e conseguia-se perceber pelo seu olhar que ele estava a escolher as palavras para evitar ferir susceptibilidades, dado que estávam representadas 3 Associações diferentes naquele estágio - embora todas de Goju-Ryu. Aqui também deu para perceber que umas são mais "Goju" e as outras mais "Ryu", são opções...
Para além do nível técnico irrepreensível, também a sua simpatia e simplicidade nos cativou. Penso que muitos "grandes" mestres, podiam olhar para este Senhor e neste campo seguir as suas pisadas. Mais uma vez ... opções ...
Por diversas vezes o Sensei afirmou o que muitos parecem querer esquecer: "Embora em Associações diferentes, todos temos a mesma origem..."

Acabei o estágio sem me conseguir mexer, a carga foi grande e as repetições foram muitas, mas eu gosto mesmo é do "Goju", por isso, mesmo desgastado, não me arrependo.

Múrcia e os tempos da minha juventude não me saíam do pensamento ... só faltavam mesmo as "sevilhanas".

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Aftas

Um amigo meu, quer dizer, pelo menos era até eu postar este artigo, queixa-se de que tinha um andar "estranho" e que tal se devia a ter duas lesões (uma em cada pé).

As probabilidades disto acontecer são, no mínimo, infimas.

Porque é que as pessoas não assumem que com a idade, às vezes, os gostos mudam? Eu, por exemplo, tenho a boca cheia de áftas e ninguém acredita que é de comer castanhas assadas muito quentes ...

Há que ter frontalidade, como dizia o grande Baptista Bastos.

Já agora, "olha lá óh minha pu... fascista, onde é que estavas no 25 de Abril de 1974?"